foto de César Augusto
A Porta Branca
Por detrás desta porta
uma de todas as portas que para mim se abrem e se fecham
estou eu ou o universo que eu penso.
Deste meu lado, dois olhos que vigiam
os fenómenos naturais, incluindo a celeste mecânica
e as sociedades humanas, sedentárias e transumantes.
Mas podem os olhos fazer a sua enumeração
e pode o pensado universo infindamente ir-se
que para mim o que hoje importa
é aquela olhada vaga porta.
Que ela seja só como a vejo, a porta branca
com duas almofadas em recorte
lançada devagar sobre o vão do jardim
onde o gato, por uma fenda aberta
pela sua pata, tenta ver-me
tão alheio a versos e a universos.
[Fiama Hasse Pais Brandão]
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