domingo, 6 de março de 2011

Se eu te pedisse a paz

Se eu te pedisse a paz
o que me darias
pequeno insecto da memória
de quem sou ninho e alimento?

 Se eu te pedisse a paz
a pedra do silêncio cobrindo-me de pó
a voz limpa dos frutos
o que me darias respiração pausada
de outro corpo sob o meu corpo?

Perdoa-me ser tão só
e falar-te ainda do meu exílio.
Perdoa-me se não te peço a paz.
Apenas pergunto: O que me darias
em troca se ta pedisse? O sol? A sabedoria?
Um cavalo de olhos verdes? Um campo de batalha
para nele gravar o teu nome junto ao meu?
Ou apenas uma faca de fogo
intranquila, ao centro do coração?

Nada te peço, nada.
Visito, simplesmente, o teu corpo de cima.
Falo de mim, entrego-te o meu destino.
 E a morte vivo só de perguntar-te:
 O que me darias se te pedisse a paz
e soubesses de como a quero construída
com as matérias vivas da liberdade?

[Casimiro de Brito]

Sem comentários:

Enviar um comentário