sexta-feira, 14 de março de 2008

Com que voz



Com que voz, chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que amor não seja a dor que me deixou
o tempo...de meu bem desenganado.

Mas chorar não estima neste estado

aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, pois se mudou
em tristeza a alegria do passado.

Assim a vida passo descontente,

ao som nesta prisão do grilhão duro
que lastima ao pé, que a sofre e sente.

De tanto mal, a causa é amor puro,

devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.

[Luiz de Camões / Alain Oulman
]

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