Com que voz, chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que amor não seja a dor que me deixou
o tempo...de meu bem desenganado.
Mas chorar não estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, pois se mudou
em tristeza a alegria do passado.
Assim a vida passo descontente,
ao som nesta prisão do grilhão duro
que lastima ao pé, que a sofre e sente.
De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.
[Luiz de Camões / Alain Oulman ]
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