quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quase um poema de amor


Quase um poema de amor

Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza Lusitana tem essa humana
Graça feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado o coração
Num íntimo pudor,
há muito tempo já,
que não escrevo
um poema de amor

[Miguel Torga]

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