quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Diz-me o teu Nome


Diz-me o teu Nome

Diz-me o teu nome , agora, que perdi quase tudo,
um nome pode ser o princípio de alguma coisa.
Escreve-o na minha mão com os teus dedos,
como as poeiras se escrevem, irrequietas nos caminhos
e os lobos mancham o lençol da neve com os sinais da sua fome.
Sopra-mo no ouvido, como a levares as palavras
de um livro para dentro de outro, assim conquista o vento,
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão na casa fria.
E antes de partires, pousa-o nos meus lábios devagar:
É um poema açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.
Ninguém esquece um corpo que teve nos braços um segundo…
Um nome sim!

[Maria do Rosário Pedreira]

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