quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Chamo-te, porque tudo está ainda no princípio


Chamo-te, porque tudo está ainda no princípio

Chamo-te, porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só dos teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que eu quero ver.
Peço-te que sejas o presente.
Peço-te que inundes tudo.
E que o teu reino antes do tempo venha.
E se derrame sobre a Terra
Em primavera feroz precipitada.

[Sophia de Mello Breyner Andresen]

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