domingo, 4 de abril de 2010

Esta manhã encontrei o teu nome



Esta manhã encontrei o teu nome

Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele.
E o corpo doeu-me onde antes os teus dedos, foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida, como um peixe respira
na rede mais exausta.

Nem mesmo à despedida foram os gestos contundentes:
tudo o que vem de ti é um poema.
Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem.

Sentei-me na cama e repeti devagar o teu nome,
o nome dos meus sonhos, mas as sílabas caíam
no fim das palavras, a dor esgota as forças,
são frios os batentes nas portas da manhã.

[Maria do Rosário Pedreira]

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