Já vem rompendo ao longe a madrugada
Nas sombras da calada noite escura
Vem num manto de estrelas, embrulhada
Criança sempre em flôr e de alma pura
E a noite se afastou silenciosa
Escondida nos segredos do pecado
E a madrugada vem tão carinhosa
Para apagar um mal sempre lembrado
Dorme a noite perdida nas vielas
Embalando um queixume doloroso
No espaço há vozes tristes e singelas
Correndo atrás de um sonho mentiroso
Bendita sejas tu, oh madrugada!
Em tua luz se acende um novo dia
Das cinzas morre a noite embriagada
Num fogo, onde só arde a fantasia
[Guilhermina Frazão]
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