quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Estou vivo e escrevo sol

Estou vivo e escrevo sol

Eu escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol.
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro,
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol.
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida.
Melhor que beber vinho, é mais claro
ser no olhar o próprio olhar,
a maravilha é este espaço aberto.
a rua,
um grito,
a grande toalha do silêncio verde!

[António Ramos Rosa]

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