sábado, 20 de novembro de 2010

Auto-retrato (O'Neill)

Auto-retrato

ONeill (Alexandre), moreno
português, cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)

No amor? No amor crê (ou não fosse ele ONeill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
 que são a semovente estátua do prazer.
Mas sobre a ternura, bebe de mais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse...

[Alexandre O'Neill]

Sem comentários:

Enviar um comentário