quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A D E U S

Adeus

É um adeus…
Não vale a pena sofismar a hora!
É tarde nos meus olhos e nos teus…

Agora,
O remédio é partir discretamente,
Sem palavras,
Sem lágrimas,
Sem gestos.

De que servem lamentos e protestos
Contra o destino?
Cego assassino
A que nenhum poder
Limita a crueldade,
Só o pode vencer
A humanidade
Da nossa lucidez desencantada.

Antes da iniquidade
Consumada,
Um poema de lírico pudor,
Um sorriso de amor,
E mais nada.

[Miguel Torga]

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