sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Depois da Vida

Depois da Vida

Quando meu coração, parar desfeito
Em sombra, na profunda sepultura
E o meu corpo, espectral e já perfeito
Divagar entre o Olimpo e a terra dura
Quando sentir, enfim, todo o meu peito
A converter-se em luminosa altura
Eu, aquele fantasma, o claro eleito
O enviado da vida à morte escura
Ah, quando, em mim, eu for minha esperança!
Meu próprio ser, divino e redimido
E minha sombra apenas por lembrança
Bem longe, em outro mundo transcendente
À luz dum sol jamais anoitecido
Serei contigo, amor, eternamente.

[Teixeira de Pascoaes]

Sem comentários:

Enviar um comentário