quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Soneto das Sombras e dos Passos

Soneto das Sombras e dos Passos

                                                                                   
A sombra do teu vulto me entristece
Segue os meus passos, cresce, se agiganta
O menino que em mim por ti se encanta
Soluça no meu peito que envelhece.

A neve que o cabelo te embranquece
Agora em meu cabelo desce tanta
Que a sombra do teu vulto, avô, se espanta
Desta sombra que à tua se parece.

E seguimos, as mãos entrelaçadas
As duas sombras, pela vida atadas
Embora pela morte divididas.

A sombra do teu vulto me abre os braços
Mas eu, avô, sou eu quem segue os passos
Das minhas gentes mortas e queridas.

[Aramis Ribeiro Costa]

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