hoje que me sinto
perfeitamente morto
seria o bom momento de romper
a membrana celeste, implacável de azul
sair, independente, para o lugar de pensamentos
lúcidos, quase reais!
mas fico preso à gangrena, o precioso
lugar dos músculos na carne
e a memória do prazer mistura-se
ao redondo fio do horizonte
não estou afinal, senão vazio de todos os corpos
apenas alheado das maquinações e dos encontros.
Deixo ficar a paisagem como está…
quando não olho, é que as árvores se iluminam por dentro.
[António Franco Alexandre]
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