quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

P A R A Í S O

Deixa ficar comigo a madrugada
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito
à cabeceira a luz do teu joelho
entre os lençóis o lume do teu peito...

Podes partir, de nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.

[David Mourão-Ferreira]

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