sábado, 21 de maio de 2011

Agonia

Agonia

Encho de nada
A concha
Das mãos vazias...
Que me pedias
Que não posso dar-te
Desespero?
Água de que nascente?
Pão de que sementeira?
Queira ou não queira
A esperança
A hora é de secura
E de miséria
Por toda a parte...
Enganar-te?
Inventar
Miragens de frescura
E de fartura
No deserto da vida?
De que valia
Mais essa ilusão?
O cálice de amargura
Tem amargura
Seja bebida
Ou não...

[Miguel Torga]

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