sexta-feira, 6 de maio de 2011

O Ramo roubado

        Pela noite entraremos para roubar
        Um ramo florido.
        Ainda não se foi o inverno
        E a macieira aparece
        Convertida, de súbito
        Em cascata de estrelas perfumadas.
        Pela noite entraremos
        Até chegar ao firmamento trémulo
        E tuas mãos pequenas como as minhas
        Roubarão as estrelas.
        E sigilosamente
        À nossa casa
        Pela noite e na sombra
        Entrará com teus passos
        O silencioso passo do perfume
        E com pés entrelaçados
        O corpo claro desta primavera.
         
        [Pablo Neruda]

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