sexta-feira, 29 de julho de 2011

Canção do lavrador


Vincent Van Gogh - Semeador

Meus versos lavro-os ao rubro
nesta página de terra que abro em lábios.
 Descubro-lhe a voz que no fundo encerra

Os versos que faço sou-os
a relha rasga-me a vida
e amarra os sonhos de voos
que eu tinha à terra ferida

Poema que mais que escrevo
devo-te em vida.
No húmus a rego simples eu levo
os meus desvairados rumos

Mas mais que poema meu
(que eu nunca soube palavra)
isto que dispo sou eu
Poeta não escrevas, lavra

[Ruy Belo]

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