Dou-te
um nome de água
para que cresças no silêncio.
Invento a alegria
da terra que habito
porque nela moro.
Invento do meu nada
esta pergunta.
Nesta hora, aqui.
Descubro esse contrário
que em si mesmo se abre:
ou alegria ou morte.
Silêncio e sol , verdade
respiração apenas.
Amor, eu sei que vives
num breve país.
Os olhos imagino
e o beijo na cintura
oh tão delgada.
Se é milagre existires
teus pés nas minhas palmas.
Oh maravilha
Existo no mundo
dos teus olhos.
Oh vida perfumada
cantando devagar.
Enleio-me na clara
dança do teu andar.
Por uma água tão pura
vale a pena viver.
Um teu joelho diz-me
a indizível paz.
[António Ramos Rosa]
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