Andavam pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Respiravam exaustos como se tivessem
nascido da terra de dentro das sementeiras.
Beijavam-se magoados até se magoarem mais.
Um no outro eram prisioneiros um do outro
e livres libertavam-se para a vida e para o amor.
Vivendo a própria morte voltavam a andar pela casa
amando-se no chão e contra as paredes.
Então era a música como se cada corpo
atravessasse o outro corpo
e recebesse dele nova presença
agora serena e mais pobre
mas ávidamente rica por essa pobreza.
A nudez corria-lhes pelas mãos
e chegava aonde tudo é branco e firme.
Aquele fogo de carne era a carne do amor
era o fogo do amor, o fogo de arder
amando-se e por toda a casa
contra as paredes, no chão.
Se mais não pressentissem bastaria
aquela linguagem de falar tocando-se
como dormem as aves.
E os olhos gastos por amor de olhar
por olhar o amor.
E no chão contra as paredes se amaram
E pela casa andavam
Como se dentro das sementeiras respirassem.
Prisioneiros libertados, um no outro eram livres
e para a vida e para o amor se beijaram
magoando-se mais, até ficarem magoados.
E uma presença rica, agora nova e mais serena,
ávidamente recebeu a música que atravessou de
um corpo a outro corpo, chegando às mãos
onde toda a nudez é branca e firme.
Com uma carne de fogo
incarnando o amor, incarnando o fogo
contra o chão das paredes se amaram
pressentindo que andando pela casa
bastaria tocarem-se para ficarem dormindo
como acordam as aves.
[Joaquim Pessoa]
(“Os amantes”de René Magritte)
no chão e contra as paredes.
Respiravam exaustos como se tivessem
nascido da terra de dentro das sementeiras.
Beijavam-se magoados até se magoarem mais.
Um no outro eram prisioneiros um do outro
e livres libertavam-se para a vida e para o amor.
Vivendo a própria morte voltavam a andar pela casa
amando-se no chão e contra as paredes.
Então era a música como se cada corpo
atravessasse o outro corpo
e recebesse dele nova presença
agora serena e mais pobre
mas ávidamente rica por essa pobreza.
A nudez corria-lhes pelas mãos
e chegava aonde tudo é branco e firme.
Aquele fogo de carne era a carne do amor
era o fogo do amor, o fogo de arder
amando-se e por toda a casa
contra as paredes, no chão.
Se mais não pressentissem bastaria
aquela linguagem de falar tocando-se
como dormem as aves.
E os olhos gastos por amor de olhar
por olhar o amor.
E no chão contra as paredes se amaram
E pela casa andavam
Como se dentro das sementeiras respirassem.
Prisioneiros libertados, um no outro eram livres
e para a vida e para o amor se beijaram
magoando-se mais, até ficarem magoados.
E uma presença rica, agora nova e mais serena,
ávidamente recebeu a música que atravessou de
um corpo a outro corpo, chegando às mãos
onde toda a nudez é branca e firme.
Com uma carne de fogo
incarnando o amor, incarnando o fogo
contra o chão das paredes se amaram
pressentindo que andando pela casa
bastaria tocarem-se para ficarem dormindo
como acordam as aves.
[Joaquim Pessoa]
(“Os amantes”de René Magritte)
Sem comentários:
Enviar um comentário