Bateu Amor à porta da Loucura.
Deixa-me entrar, pediu , sou teu irmão.
Só tu me limparás da lama escura
a que me conduziu minha paixão.
A Loucura desdenha recebê-lo
sabendo quanto Amor vive de engano
mas estarrece de surpresa ao vê-lo
de humano que era, assim tão inumano.
E exclama: Entre correndo, o pouso é teu.
Mais que ninguém mereces habitar
minha casa infernal, feita de breu
enquanto me retiro, sem destino
pois não sei de mais triste desatino
que este mal sem perdão, o mal de amar.
[Carlos Drummond de Andrade]
Deixa-me entrar, pediu , sou teu irmão.
Só tu me limparás da lama escura
a que me conduziu minha paixão.
A Loucura desdenha recebê-lo
sabendo quanto Amor vive de engano
mas estarrece de surpresa ao vê-lo
de humano que era, assim tão inumano.
E exclama: Entre correndo, o pouso é teu.
Mais que ninguém mereces habitar
minha casa infernal, feita de breu
enquanto me retiro, sem destino
pois não sei de mais triste desatino
que este mal sem perdão, o mal de amar.
[Carlos Drummond de Andrade]
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