sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Uma Voz na Pedra

Não sei
se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu
 na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria
 e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria
 do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre
 de sombra fulgurante.
A minha ebriedade
 é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha
 quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei.
 Amo em total abandono.
Sinto a minha boca
 dentro das árvores
 e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente
 algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida
 estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez
 e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega
 nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera
 ser aberto por uma palavra.

[António Ramos Rosa]

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