Que gelado sopro nos agita do lado de dentro das ruas?
Que rápida
vertigem nos domina nesta agudíssima manhã?
Este vento que nos
queima estas veias mais quentes
Estes longos
minutos que sacodem o rosto
Estes ponteiros
gigantes que nos marcam os séculos
Estes rios de sal
que abrem sulcos nos ossos
Esta raiva que nos
corta estas lâminas nos lábios
Estes vidros de
silêncio que nos enchem a boca
Estes deuses que
sorriem estas lágrimas mais puras
Estes grandes
traços negros de trânsito impedido
[João Rui de Sousa]
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