terça-feira, 17 de abril de 2012

De um Amor Morto

 De um amor morto fica
Um pesado tempo quotidiano
Onde os gestos se esbarram
Ao longo do ano

De um amor morto
 não fica nenhuma memória
O passado se rende
O presente o devora
E os navios do tempo, agudos e lentos
O levam embora

Pois um amor morto
 não deixa em nós
o seu retrato de infinita demora
É apenas um facto
Que a eternidade ignora

[Sophia de Mello Breyner Andresen]

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