sexta-feira, 27 de abril de 2012

Lamento do Poeta Objectivo

Anda-me o amor tomando a própria vida
como se  amando, eu existisse mais.
E leva-me o Destino em voz traída
como se houvera encontros desiguais.
A multidão me cerca  e  renascida
já dela terei fome de sinais.
E  mal a noite se demora ardida
o medo e a solidão me esfriam tais
as cinzas desse amor que sacrifico.
Não é futura a só miséria.
 A queixa também não é
 e apenas acontece no vácuo imenso
 que este amor me deixa quando maior
 quando de si mais rico
 se dá de mundo em mundo
 e lá me esquece.

[Jorge de Sena]

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