O teu rosto inclinado pelo vento
a feroz brancura dos teus dentes
as mãos, de certo modo irresponsáveis
e contudo sombrias e contudo transparentes
O triunfo cruel das tuas pernas
colunas em repouso se anoitece:
o peito raso claro, feito de água
a boca sossegada onde apetece
Navegar ou cantar, ou simplesmente ser
a cor dum fruto, o peso duma flor
as palavras mordendo a solidão
atravessadas de alegria e de terror
São a grande razão, a única razão.
[Eugénio de Andrade]
Sem comentários:
Enviar um comentário