terça-feira, 9 de novembro de 2010

Não sei porque razão o mundo se inquieta

YAMASHITA Masao

Não sei porque razão o mundo se inquieta
quando estamos sozinhos.
Talvez não saiba que esgotámos os olhos
 no rigor dos espelhos e que por isso,
não somos capazes de traçar um caminho
 senão para o evitarmos.

Na verdade, se cai a noite,
 estiolam-se as aventuras entre nós
o teu silêncio respira longamente, às vezes
paira sobre as dunas do meu corpo a conspirar,
como um tear de nuvens a fiar tempestades
ou um vento salgado a prometer naufrágios,
mas nunca converte o assomo numa história.

Não sei porque se aflige tanto o mundo
se ficamos sozinhos.
Talvez ignore que nós não somos mar
 de nenhuma praia, que escolhemos
 poupar às falésias as cicatrizes
das ondas e tudo para não aprendermos
o verdadeiro nome das feridas.

[Maria do Rosário Pedreira]

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