YAMASHITA Masao
Não sei porque razão o mundo se inquieta
quando estamos sozinhos.
Talvez não saiba que esgotámos os olhos
no rigor dos espelhos e que por isso,
não somos capazes de traçar um caminho
senão para o evitarmos.
Na verdade, se cai a noite,
estiolam-se as aventuras entre nós
o teu silêncio respira longamente, às vezes
paira sobre as dunas do meu corpo a conspirar,
como um tear de nuvens a fiar tempestades
ou um vento salgado a prometer naufrágios,
mas nunca converte o assomo numa história.
Não sei porque se aflige tanto o mundo
se ficamos sozinhos.
Talvez ignore que nós não somos mar
de nenhuma praia, que escolhemos
poupar às falésias as cicatrizes
das ondas e tudo para não aprendermos
o verdadeiro nome das feridas.
[Maria do Rosário Pedreira]
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