sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Poema Melancólico a não sei que Mulher

Poema Melancólico a não sei que Mulher

Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido.
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.

Agora retrocedo, leio os versos
Conto as desilusões no rol do coração
Recordo o pesadelo dos desejos
Olho o deserto humano desolado
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...

[Miguel Torga]

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