domingo, 9 de janeiro de 2011

H U M A N I D A D E

H U M A N I D A D E

Na tarde calma e fria que circula
por entre os eucaliptos e a distância
olhando as nuvens quase nada  rubras
e a névoa consentida  pelos  montes
névoa  não subindo por não  ser
fumo da   vida   que trabalha   e teima
e olhando  uma  verdura  fugitiva
que a noite no céu queima tão depressa
esqueço-me que há  gente em cada  parte
gente que, de sempre, sofre e morre
e agora  morre  mais ou sofre mais
esqueço-me   que  a   esperança   abandonada
a não ser de ninguém, é sempre minha
esqueço-me que  os  homens  a   renovam
que o fumo de seus  lares sobe nos ares.
Esqueço-me de  ouvir  cheirar a  Terra
esqueço-me que vivo...   E anoitece.

[Jorge de Sena]

Sem comentários:

Enviar um comentário