quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Que bem sabe o Amor constante

Até no carro te canto,
Fala a fala, seio a seio
Espantado de um encanto
Que mais parece receio

De te perder à partida
Pra te ganhar à chegada
Pois tu és a minha vida
Na ida e volta arriscada.

Vai o Godinho ao volante
Com seu ar de conde antigo
Que bem sabe o amor constante
Que me aparelha contigo.

Poupado na gasolina
Discreto na confidência
Navegador à bolina
Dos rumos da nossa ausência.

Leva-me à Embaixada, ao almoço:
Travou, mas não sei que tenho:
Um resto de ardor de moço
Contigo no meu canhenho.

[Vitorino Nemésio]

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