domingo, 3 de abril de 2011

Adeus Pai!


O Pai

Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.

Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.

Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.

Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...

E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.

[Pablo Neruda]


Deus fez-te a vontade e levou-te a ver a minha Mãe.
Não te levo a mal por isso, os últimos meses foram
bem difíceis, de muito sofrimento teu e meu, a ver-te
sofrer, sem poder fazer nada contra essa
famigerada doença.
Acabou aqui Pai, foi horrível para nós dois.
Partiste durante o sono e foste em paz, estavas sereno
ainda há pouco quando te vi.
 Deus vai iluminar o teu caminho e de agora em diante
O teu caminho irá ser uma estrada de luz.
Até um dia Querido Pai!!!


Joaquim Henrique da Silva
(25 de Abril de 1924 – 3 de Abril de 2011)

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