domingo, 3 de abril de 2011

A força do hálito

A força do hálito é como o que tem que ser.
E o que tem que ser tem muita força.

Vai (ou vem) um sujeito, abre a boca e eis que a gente
que no fundo é sempre a mesma
desmonta a tenda e vai halitar-se para outro lado
que no fundo é sempre o mesmo.

Sovacos pompeando vinagres e bafios
não são nada…bah!..em comparação
com certos hálitos que até parece que sobem do coração.

"Ai onde transpira agora
o bom sovaco de outrora!"

Virilhas colaborando com parentesis ou cedilhas
são autênticas (e sem hálito) maravi(ri)lhas.
Quando muito alguns pingos nos refegos, nas braguilhas
amoniacal bafor que suporta sem dor
aquele que está ao rés de tal teor.

Mas o mau hálito é pior que a palavra
sobretudo se não for da tua lavra.

Da malvada, da cárie ou, meudeus, do infinito
o mau hálito é sempre, na narina
como o baudelaireano, desesperado grito
da "charogne" que apodrecer não queria.


[Alexandre O'Neill]

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