terça-feira, 10 de maio de 2011

Árvores do Alentejo

Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e torturadas
As árvores sangrentas, revoltadas
Gritam a Deus a benção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder pelas estradas
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
Também ando a gritar, morta de sede
Pedindo a Deus a minha gota de água!

[Florbela Espanca]

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