Felicidade, agarrei-te
Como um cão, pelo cachaço!
E contigo, em mar de azeite
Afoguei-me, passo a passo...
Dei à minha alma a preguiça
Que o meu corpo não tivera.
E foi assim, que submissa
Vi chegar a Primavera...
Quem a colher que a arrecade
(Há, nela, um segredo lento...)
Ó frágil felicidade!
Palavra que leva o vento
E depois, como se a ideia
De nos dedos, a ter tido
Bastasse por fim, larguei-a
Sem ficar arrependido...
[Pedro Homem de Mello]
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