Mãos abertas... li um dia
um poema que as cantava
mãos que nasceram para dar
Tão livres, que me encantava
aquela estranha magia
Mãos errantes, feitas de ar
Mãos abertas... como as mãos
do poeta que as cantou
tão esquivas como um adeus
Mãos que a poeira sujou
mãos moldadas em mil mãos
mãos de um homem que morreu
Mãos que só deram
e não tiveram nada de seu
Mãos que se ergueram
e acenderam estrelas no céu
Mãos que tocaram
mas não guardaram
sonhos perdidos
A sós ficaram
e se tornaram…
anjos caídos
[Ana Vidal]
http://flabbergasted2.wordpress.com/2007/12/26/ana-vidal-poesia-presente/
Mãos abertas, mãos de dar
As minhas mãos são assim
Viste-as abertas chegar
Abertas hão-de ficar
Quando tu, partires em mim
Ao partir, não levarei
As minhas mãos são assim
Viste-as abertas chegar
Abertas hão-de ficar
Quando tu, partires em mim
Ao partir, não levarei
Nada mais do que ao chegar
Minhas mãos, quando tas dei
Minhas mãos, quando tas dei
Iam abertas e sei
Que abertas hão-de ficar
Nunca as juntei, p’ra rezar
Que abertas hão-de ficar
Nunca as juntei, p’ra rezar
Nem nunca as ergui aos céus
Minhas mãos, são mãos de dar
Minhas mãos, são mãos de dar
Não sabem querer nem esperar
Nem sequer dizer adeus
Ao partir, não sentirei
Nem sequer dizer adeus
Ao partir, não sentirei
Nada teu, partindo em mim
De mãos abertas irei
De mãos abertas irei
Passado, nunca o terei
As minhas mãos são assim
As minhas mãos são assim
[Manuel de Andrade]
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