sexta-feira, 3 de junho de 2011

Pedro, lembrando Inês

Em quem pensar, agora, senão em ti?
Tu, que me esvaziaste de coisas incertas
 e trouxeste a manhã da minha noite.
É verdade que te podia dizer:
Como é mais fácil deixar que as coisas não mudem
sermos o que sempre fomos
mudarmos apenas dentro de nós próprios?
Mas ensinaste-me a sermos dois
e a ser contigo aquilo que sou
até sermos um apenas no amor que nos une
contra a solidão que nos divide.
Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo
ouvir a tua voz, que abre as fontes de todos os rios
mesmo esse, que mal corria quando por ele passámos
subindo a margem em que descobri o sentido
de  irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba.
Como gosto meu amor, de chegar antes de ti
 para te ver chegar com a surpresa dos teus cabelos
e o teu rosto de água fresca que eu bebo
com esta sede que não passa.
Tu, a primavera luminosa da minha expectativa
a mais certa certeza de que gosto de ti
como gostas de mim…
até ao fundo do mundo que me deste.

[Nuno Júdice]

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