Agora é tarde.
Ninguém responde às cartas
que escrevi e atirei ao mar
quando pensei que um dia
serias como esse marinheiro
que num sonho antigo
abençoava o filho
e depois partia nas asas do albatroz.
Agora é tarde.
Ninguém responde à sombria música
dos meus punhos golpeando a cadeira vazia
a mesa, as folhas em branco
onde uma única palavra se aproxima
manejando as suas armas
três letras, três sinais de fogo.
Agora é tarde.
Ninguém cala os tempestuosos rios
no fundo dos meus olhos
quando penso nos vermes
nas viscosidades que te procuram
através do cetim.
[José Agostinho Baptista]
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