terça-feira, 26 de julho de 2011

A dor que a minha alma sente


Camões, por Júlio Pomar

A dor que a minha alma sente...
Não a saiba toda a gente...
Que estranho caso de amor...
Que desejado tormento...

Que venha a ser avarento
Das dores da minha dor!

Por me não tratar pior
Se sabe ou se sente, não a digo a toda a gente!

Minha dor e a causa dela.
A ninguém ouso falar.

Que seria aventurar
A perder-me ou perdê-la
Pois só em padece-la a minha alma está contente.

Viva no peito escondida... Dentro da alma sepultada...
Ou me mate... Ou me dê vida...
Ou viva eu triste ou contente
Não quero que saiba a gente!

[Luis Vaz de Camões]

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