terça-feira, 5 de julho de 2011

Os anjos que conheço são de erva e de silêncio

Os anjos que conheço são de erva e de silêncio
nalgum jardim de tarde. Mas quais os mais ardentes?
Feitos de mar e sol, elevam-se nas ondas
entre as mulheres de coxas tão fortes como touros

O meu luto é de mesas e de bandeiras sem paz
É estar sem corpo à espera, inconsolada boca
o fogo ateia o peito, a cabeça perde a fronte
o vazio rodopia, é o celeste inferno.

Desço ainda um degrau com o anjo infernal
um turbilhão de ervas, um redemoinho de sangue
Quem me vale agora se perdi o meu cavalo?

[António Ramos Rosa]

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