quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Hou, da Barca!

Hou, da barca!
Para onde me levais?
Hou, prometedor de glórias
com disfarce de timoneiro anjo!
E que de outros desfizeste
como se nunca os tivesses sido
o diabo
e o(s) companheiro(s).
Com moralidade
na farsa do engano
seduziste
ultrajaste
nos traíste…
Não sou fidalgo
nem burguês.
Nunca enriqueci
por confiar dinheiro.
Não sou incrédulo
por ser imperfeito.
Tenho sangue judeu
mas não sou usurário
nem, alguma vez
de procurador fiz
e também não sou sapateiro
tenho outras mestrias...
Procuro ser justo
sem ser corregedor
e justiceiro...
E até agora, nunca
tentei me enforcar.
Falo e escrevo
e não sou alcoviteiro…
E tonto, fui, somente
por tua causa!
Não quero promessas
de paraíso
nem viver neste vil inferno!
Quero um par de remos
e que se faça barca a cidade
bem guarnecida
barca segura
barca da vida!...
Hou, barqueiro!
Para onde nos levais
que por aí
não queremos ir?!
Largai-nos
no próximo cais.
Lá, nos esperam
quatro bons cavaleiros
a primavera
e a liberdade!
Hou, da barca!
Hou, barqueiro!
Abaixa aramá esse cu...
E despeja aquele banco.

[João Marques Jacinto]

Sem comentários:

Enviar um comentário