quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Um breve olhar

Lá em cima, no ar
Sobre a monotonia de estas casas
Sulcando, sereníssimas, os céus
Abrem a larga rima das suas asas
Lenços brancos do azul, dizendo adeus
Ao vento e ao mar.

Eu fico a vê-las
E meus olhos, de as verem, vão partindo
E fugindo com elas
E a segui-las eu penso
Enquanto o olhar no azul se espraia e prega
Que há uma graça, que há um sonho imenso
Em tudo o que flutua e que navega…

Para onde se desterram as gaivotas
Contra o vento vogando, altas e belas
Essas voantes e pairantes frotas
Essas vivas e alvas caravelas?

Vão para longe… E lá desaparecem
Ao largo, por detrás do monte
E os nossos olhos olham e entristecem
Com as vagas saudades que merecem
As coisas que se somem no horizonte!


[Afonso Lopes Vieira]