quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O Medo

Ninguém me roubará algumas coisas
nem acerca delas saberei transigir
um pequeno morto morre eternamente
em qualquer sítio de tudo isto.

É a sua morte que eu vivo eternamente
quem quer que eu seja e ele seja.
As minhas palavras voltam
eternamente a essa morte
como  imóvel, ao coração de um fruto.

Serei capaz
de não ter medo de nada
nem de algumas palavras juntas?

[Manuel António Pina]

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