sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Poema para o Adriano

Não era só a voz, o som, a oitava
Que ele queria sempre mais acima
Nem sequer a palavra que nos dava
Restituída ao tom de cada rima.

Era a tristeza dentro da alegria
Era um fundo de festa na amargura
E a quase insuportável nostalgia
Que trazia por dentro da ternura.

O corpo grande e a alma de menino
Trazia no olhar aquele assombro
De quem quer caber e não cabia.

Os pés fora do berço e do destino
Alguém o viu partir de viola ao ombro
Era Outubro em Avintes. E chovia.

[Manuel Alegre]

Adriano Correia de Oliveira
(9 de Abril de 1942 - 16 de Outubro de 1982)

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