sábado, 3 de março de 2012

Anseios

Meu doido coração aonde vais
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade
Meu pobre coração olha, cais!

Deixa-te estar quietinho!
 Não amais a doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!...
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!

Não estendas tuas asas para o longe...
Deixa-te estar quietinho, triste monge
Na paz da tua cela, a soluçar!...

[Florbela Espanca]

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