Pergunto-te
onde se acha a
minha vida.
Em que dia fui eu.
Que hora existiu formada
de uma verdade minha bem possuída.
Vão-se as minhas perguntas
aos depósitos do
nada.
E a quem é que pergunto?
Em quem penso,
iludida
por esperanças hereditárias?
E de cada pergunta
minha
vai nascendo a
sombra imensa
que envolve a posição dos olhos
de quem pensa.
Já não sei mais a diferença
de ti, de mim, da coisa perguntada
do silêncio da coisa irrespondida.
[Cecília Meireles]
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