sexta-feira, 6 de abril de 2012

Conserto a palavra

Conserto a palavra
 com todos os sentidos em silêncio
Restauro-a, dou-lhe um som
 para que ela fale por dentro
ilumino-a

Ela é um candeeiro
 sobre a minha mesa
Reunida numa forma
 comparada à lâmpada
A um zumbido calado
 momentâneamente em enxame

Ela não se come
 como as palavras inteiras
Mas devora-se a si mesma
 e restauro-a a partir do vómito
Volto devagar a colocá-la na fome

Perco-a e recupero-a
 como o tempo da tristeza
Como um homem nadando para trás
E sou uma energia para ela
E ilumino-a

[Daniel Faria]



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