domingo, 22 de abril de 2012

Noite de Sonhos Voada

Noite de sonhos voada
cingida por músculos de aço
profunda distância rouca
da palavra estrangulada
pela boca amordaçada noutra boca
ondas do ondear revolto
das ondas do corpo dela
tão dominado e tão solto
tão vencedor, tão vencido
e tão rebelde ao breve espaço consentido
nesta angústia renovada
de encerrar, fechar, esmagar
o reluzir de uma estrela num abraço
e a ternura deslumbrada
 a doce, funda alegria
noite de sonhos voada
que pelos seus olhos sorria
ao romper de madrugada:
— Ó meu amor, já é dia!...

[Manuel da Fonseca]

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