quarta-feira, 11 de abril de 2012

A palavra

A palavra é uma estátua submersa
um leopardo que estremece em escuros bosques
uma anémona sobre uma cabeleira.
Por vezes é uma estrela que projecta a sua sombra sobre um torso.
Ei-la sem destino no clamor da noite
 cega e nua,mas vibrante de desejo
como uma magnólia molhada.
Rápida é a boca que apenas aflora os raios de uma outra luz.
Toco-lhe os subtis tornozelos
os cabelos ardentes e vejo uma água límpida numa concha marinha.
É sempre um corpo amante e fugidio
que canta num mar musical o sangue das vogais.

[António Ramos Rosa]

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