terça-feira, 8 de maio de 2012

É Noite, Mãe

As folhas já começam a cobrir
o bosque mãe, do teu outono puro...
São tantas as palavras deste amor
que presas os meus lábios retiveram
pra colocar na tua face, mãe!...

Continuamente o bosque se define
em lividez de pântanos agora
e aviva sempre mais as desprendidas
folhas que tornam minha dor maior.
No chão do sangue que me deste, humilde
e triste, as beijo. Um dia pra contigo
terei sido cruel: a minha boca
em cada latejar do vento pelos ramos
procura, seca, o teu perdão imenso...

É noite, mãe: aguardo, olhos fechados
que uma qualquer manhã me ressuscite!...

[António Salvado]

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