sábado, 9 de junho de 2012

O Espírito

 Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas

E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto
Em ileso beiral, aí espera:

Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.

[Natália Correia]

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